quinta-feira, 19 de novembro de 2009

Helena, Helena, Helena…




Por Lawrence Esteves, do TVFOCO

Ontem, em Viver a Vida, foi ao ar a cena onde Helena ( personagem de Taís Araújo) se ajoelhou e pediu perdão a Tereza, interpretada por Lília Cabral. Essa cena não significou apenas a “virada” da novela.  Significou que não há qualquer “força” naquela mulher e, principalmente: Tereza se consolidou como a protagonista de Viver a Vida.
Que mulher não daria um tapa (ou faria pior) ao escutar de uma garota mimada que ela “matou uma criança para chegar ao topo”? (embora ela realmente tenha abortado). Que mulher não despacharia aquela garota para andar a camelo no deserto sem uma gota d’água, só para que não ter que pegar o mesmo carro que ela?
Helena foi forte ao lidar com Luciana por alguns dias, mas toda a sua força e altivez foi para o lixo no último capítulo da novela exibido ontem.
Por muitas vezes, Helena se mostrou uma mulher forte e decidida (como a maioria das mulheres brasileiras, independentemente da cor ou crença). Por outras, se mostrou fraca e submissa (ao escutar lições de moral de uma dondoca sustentada pelo êx-marido). Foi forte para peitar Tereza no dia do seu casamento (”Vem cá, mas você é muito abusada, não é?”). Foi forte para encarar o público e se tornar uma Top Model, mas foi fraca ao se ajoelhar perante Tereza e pedir perdão por algo que não estava em suas mãos: o destino de Luciana.
Cada ser humano é responsável pelo seu destino e por sua vida. Se Luciana foi parar naquele ônibus, a culpa foi dela e, em especial, dos pais que não souberam impor limites (se Luciana tivesse bom senso e freios morais,jamais diria aquilo a Helena ou agiria como uma criança quase que em tempo integral).
O que vimos ontem foi uma cena forte, impactante e deplorável. Uma mulher “feita” se culpar por algo tão absurdo, tão acidental? Inacreditável! E o pior: se tornou o saco de pancada de toda uma família que precisa culpar alguém pelo ocorrido! Neste momento entra a questão do componente racial, já citado por Agnaldo Silva. Não falo de cor ou credo… falo de ser brasileira! O brasileiro é forte, é corajoso e guerreiro.
Helena deve ter enfrentado a realidade absurda que é o mundo da moda (onde as modelos negras são constantemente discriminadas). Encarou um aborto, enfrentou tudo e  a todos para chegar ao topo e simplesmente deu a cara à tapa para que uma mulher a esbofeteasse.  Uma mãe tem todo o direito de se tornar uma “leoa” para proteger os filhos, mas não tem o direito de simplesmente culpar alguém por uma fatalidade!
Agora, Helena vai ser desprezada pelo marido (um canalha, convenhamos), vai criar um filho sozinha e se envolverá com o filho do seu futuro-êx-marido (Bruno, aquele chatinho vivido pelo Thiago Lacerda). Mas, e aí? Vai continuar escutando lições de Teresa? Vai permitir que o mundo desabe sobre ela por conta de uma “culpa” que não é dela? Vai continuar se ajoelhando e recebendo tapas?
Ora bolas, Maneco! Trate a personagem como o que ela é: uma protagonista. Chega de ouvir lições de moral, de tentar ser perfeita e senhora da razão. Está na hora de Helena parar de se culpar por todos os problemas do mundo e “chutar o balde”. Tá na hora de ela encontrar o amor e errar a vontade (mas errar muito mesmo, mas muuuito…). Assim, quem sabe, haja uma história para ser contada e, principalmente, a personagem mostre que ela é mais que humana: que ela é brasileira!

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